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As letras publicadas referem a fonte de extração, ou seja: nem sempre são mencionados os legítimos criadores dos temas aqui apresentados.
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* 7.260 LETRAS <> 3.120.500 VISITAS * MARÇO 2024 *

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Para sempre

Carlos Baleia / Daniel Gouveia
Repertório de Daniel Gouveia 

Nasceu o amor, nos dias de escola
Ela era traquina, ele, um mariola
E assim se olhavam, num jeito maroto
Amor da menina, paixão do garoto

Corações gravados em muito jardim
Num dia de sol, disseram que sim
E a gente sabia qual era o destino
Num dia de chuva, nasceu um menino

E foram marchando, vencendo a batalha
Sabendo sorrir, desculpando a falha
E em seus olhares não morre o desejo
Que as breves zangas acabam num beijo

A velha menina e seu rapazola
De cabelos brancos, já não vão à escola
E é coisa bem rara passear pela rua
Mas o amor de sempre neles continua

Há choro na Mouraria

Carlos Baleia / Daniel Gouveia *fado naifa*
Repertório de Daniel Gouveia 
Este poema também foi gravado por Daniel Gouveia 
na Marcha do Manuel Maria de Manuel Maria Rodrigues

Certa noite violenta
Frente à taberna sebenta
Uma navalha matou
Na rua do Capelão
Dois homens foram ao chão
Mas só um se levantou

Gritos da mesma mulher 
Que se dava a um qualquer
Soaram pelo desgraçado
E desfizeram-se em pranto 
Nunca ninguém soube quanto
Junto ao corpo trespassado

Ele fora um marinheiro 
Que num gesto cavalheiro
Quis defender a Severa
Da arremetida de um faia 
Malvado, que de atalaia
Por ela ficara à espera

Coisa nova para ela 
Ter recebido a tutela
De um homem que ia a passa
E a fadista, comovida 
A dura mulher da vida
Só lhe agradece a chorar

A luz dum grande amor

José Fernandes Castro/ João Maria dos Anjos
Repertório de Rute Rita 

Desliga a luz da tristeza
E dá-me a claridade
Desse teu olhar feliz
A cor da tua beleza
Tem a mesma intensidade
Do amor que eu sempre quis

Desliga a luz e sossega
Nos braços deste prazer 
Que me sufoca no peito
Este peito que se entrega
Ao suave amanhecer 
Deste nosso amor perfeito

Desliga a luz do luar
E vem comigo provar 
Os sonhos da sedução
Em nome do amor profundo
Temos toda a luz do mundo 
E o mundo na nossa mão

Num bar

Domingos Gonçalves Costa / Eugénio Pepe
Repertório de Tony de Matos

De bar em bar
Bebida atrás de bebida
Foi assim a minha vida
Meses, tentando esquecê-la
Mas era à noite
Que a minh'alma incompreendida
Por entre a noite perdida
Louca, corria atrás dela

Ninguém suponha
Que um homem que adora e quer
Poderá sentir vergonha
Por gostar duma mulher
Pode chorar
Pode sentir-se infeliz
Ao fazer como eu já fiz
Esconder suas dores num bar


Na imensidão
Desse bar, só uma imagem
P'ra me tirar a coragem
Surgia na escuridão
Imagem bela
Que eu adoro e no entanto
Eu estava ali para um canto
Louco, tentando esquecê-la

P’ra me livrar da saudade

Mário Rainho / Frutuoso França *fado jovita*
Repertório de Fernando Jorge 
Esta melodia que aparece como sendo o Fado Jovita 
é o Fado Moreninha de Santos Moreira

Desculpem, que a saudade não me deixa
E não me sai da alma, onde se abriga
Já fiz ao coração, tanta vez, queixa
Mas esse pobre louco não me liga

Bem tento excomungá-la do meu peito
Da boca, aonde sobe a toda a hora
Mas, a saudade sempre arranja jeito
Desculpas pra ficar, não ir embora

Se acamo, os meus lençóis, pra dormir
Logo ela toma conta d’almofada
E possui os meus sonhos, a sorrir
Desperta-me por tudo e até por nada

Mas hei-de arranjar modo de despejo
Para a arrancar de mim, forçosamente
Nem que, pra isso, engane o seu desejo
E vá viver contigo, novamente

Anjos caídos

Fernando Campos de Castro / Pedro Rodrigues
Repertório de Paulo Cangalhas

Nesta hora de partida
Será tempo de ficar
Neste desejo que abrasa
Dois amantes sem ter casa
E sem ter onde morar

Fiquemos à beira-esquina 
Onde a noite se insinua
Depois que tudo adormeça 
E a cidade nos ofereça
O quarto aberto da rua

Com lençóis de neblina 
Sob a luz dum candeeiro
Boca na boca em ternura 
Seremos corpo em loucura
Bem maiores que o mundo inteiro

Como dois anjos caídos 
Nas pedras negras do chão
Dormiremos já cansados 
Com os corpos abraçados
Em forma de coração

Fado nocturno

Feijó Teixeira / Francisco José Marques *fado zé negro*
Repertório de Amália 
Tema gravado por Carlos do Carmo com o título *Rodam as quatro estações*

Rodam as quatro estações
Dá lugar o sol à lua
Cai a noite sem pregões
E nós ficámos na rua
A escutar dois corações
Que dizem que vou ser tua

Podes dizer-me um adeus 
E olhar-me com desdém
Eu sei que não serás meu
Só quero que todo o bem
Que agora mesmo morreu
Não o dês a mais ninguém

Cegam-me as luzes perdidas
Que se escondem p’la cidade
Horas mortas já vencidas
Doem-me as dores da saudade 
E das saudades fingidas
De quem finge ter saudades

Depressa, vem depressa

Diogo Clemente / Manuel Mendes
Repertório de André Vaz 

Depressa, vem depressa ter comigo
Antes que eu escreva aquilo que não quero
Beijos que ficam dores, o quadro antigo
Que impele teimosamente ao desespero

Depressa, com a força das marés
Banha-me a praia, salga a minha areia
P’ra que eu esqueça do amor o seu revés
E a voz suave e rouca da sereia

Depressa, vem beijar-me como dantes
Guarda-me a alma, sou eu que te chamo
Falei co’a solidão há uns instantes
E tanto ódio te tenho, como te amo

Depressa, leva a dor do pensamento
Que assim que eu te abraçar já não interessa
O tudo que hoje quero é o momento
Depressa meu amor, vem mais depressa

Fado na palma da mão

Diamantina e Tiago Santos / Popular *mouraria estilizado*
Repertório de Diamantina 

Não sei se é fado ou sina
Ou se é sina este fado
Que trago desde menina
Na palma da mão, gravado

Sonhei viver p’ra cantar 
E p’ra te ter a meu lado
Ninguém me soube contar 
De ciúmes morre o fado

Sem pedir, prendeu-me a si 
Deixou-me presa em vontade
E agora guardo de ti 
Somente a terna saudade

Deve ser este o meu fado 
Saber ao fado dar sina
Pois continua gravado 
Nas minhas mãos de menina

Casario

Vasco Graça Moura / José Campos e Sousa
Repertório de António Pinto Basto 

Em Lisboa eu prefiro o casario
Que se narcisa visto da outra banda
No espelho às vezes turvo deste rio
Na limpidez do rio às vezes branda

É entre o mar da palha e o bugio
Que o renque das fachadas se desmanda
Em tons de porcelana ao desafio
Em cada patamar, cada varanda

E a luz de água e azul a derramar-se
Vem envolver-lhe o vulto refletido
Dar-lhe o contraste de uns ciprestes, dar-se
Como um banho lustral e desmedido

É véu de gaze leve o seu disfarce
Mas é tão ténue e frágil o tecido
Que pode acontecer que ainda o esgarce
Um voo de gaivotas esquecido

Então seu corpo sob o véu rasgado
Terá uma outra luz densa e leitosa
Translúcida nudez do compassado
Coração da cidade branca e rosa

Gente do mar

João Dias / Casimiro Ramos *fado três bairros*
Repertório de Rodrigo 

Eu nasci olhando o mar
Com movimento de gente
Remando contra a maré
Mas no duro mourejar
Não deixa de olhar de frente
A vida tal como é

Gente com a pele curtida
Queimada de sol e sal 
No rigor dos temporais
Vidas lutando pela vida
Longe deste vendaval 
De lutas para cá do cais

Eu nasci ouvindo o vento
Em fragas e areais 
Soprando em velas redondas
Aprendi corpo ao relento
Entre moços e arrais 
O alfabeto das ondas

Gente para quem o norte
É o pão de cada dia 
E diz só o que é preciso
O pão às vezes é morte
E o mar quando se arrelia 
Quase nunca traz aviso

O palhaço

Autor desconhecido / Amadeu Ramim *fado zeca*
Repertório de José Manuel Barreto 

Foi na pista dum circo, certo dia
Um famoso palhaço trabalhava
E o publico em delírio e alegria
Não nota que na pista alguém chorava

Dada por finda a sua atuação
Do público se despede o artista
Mas nisto uma estrondosa ovação
Exige que o palhaço volte à pista

Ao longe ouviu-se a voz dum garotinho
Que o rir de muita gente interrompeu
Dizendo; vem depressa meu paizinho
Porque a minha mãezinha já morreu

Abraçado ao petiz a soluçar
O palhaço caiu por sobre a pista
Então ouviu-se o público a gargalhar
Pensando ser trabalho do artista

O palhaço levantando-se se ergueu
Dizendo para todos com voz forte
A mulher que eu mais amo já morreu
E vós estais a rir da sua morte

O garoto que eu agora muito abraço
É tudo quanto resta do meu lar
Por isso tenham pena dum palhaço
Que leva a vida rir pra não chorar

Campa florida

Carlos Macedo / Popular *fado menor*
Repertório de Carlos Macedo 

Numa noite de luar
Eu quis visitar alguém
Sozinho eu fui rezar
À campa de minha mãe

Eu à campa me abracei
Lamentando a sorte minha
O que na vida serei
Sem ti, minha mãezinha

DECLAMADO
Venho aqui p’ra te dizer 
Que vivo sem ter ninguém
Quem na vida uma mãe perder 
Perde pois, tudo o que tem

Ainda me lembro bem 
Quando eu te disse adeus
Custou-me muito, também 
Ver fechar os olhos teus

E agora, adeus mãezinha 
Vou-te deixar, novamente
Tu em tempos foste minha 
E partiste para sempre

Eu a campa abandonei
Deixando-a bem florida
Com as lágrimas que chorei
Por minha mãezinha querida

A moldura dos meus olhos

Carlos Conde / Túlio Pereira da Silva
Repertório de Manuel Fernandes

Quando ela chega à janela
Logo o olhar dela tudo alumia
Seus olhos são dois faróis
Que lembram sois durante o dia

No Bairro Alto onde mora
Ela que adora goivos, roseiras
É a graça, a formusura
Duma moldura de trepadeiras

Naquele primeiro andar 
Da Travessa da Queimada
Mora a luz do meu olhar 
Nos olhos da minha amada
O seu olhar encantador 
Vivo, travesso, ladino
São duas rimas do amor 
No fado do meu destino

Sem ela a noite persiste
Tem luz mais triste, cor mais sombria
Pois é quando o olhar dela
Chega à janela, que nasce o dia

Andou na marcha, bailou
Dançou, cantou fados, canções
E eu durante a noite toda
Dancei à roda de dois balões

Pensando à noite

Letra e música de Hélder do Ó
Repertório de autor

O som da noite embalava a minha cama
Quando vesti de ti, meu pensamento
Ardia em mim aquele fogo, aquela chama
Desse desejo inflamado que sustento
       
Porque és a mentira que eu quisera verdade
És o meu tempo inteiro de saudade
És a razão que não tem razão de ser
És a vontade que eu tenho de te ter;
És a força que ainda me suporta
És quem eu quero ver quando abro a porta
És aquela maravilha que sonhei
És a canção que adoro e que não sei

No meu silêncio oiço o som da tua voz
Que me serviu de companhia a noite inteira
Trago comigo aquela mágoa que há em nós
E aquela estrela que foi nossa companheira

És a música que me entra no ouvido
És o tema do meu cantar dolorido
És a espera impaciente mas esp’rançada
És o frio que sinto quando é madrugada;
És a felicidade porque há tanto espero 
És a minha vida toda porque eu quero

Minha mãe minha querida

Rui Rocha / Amadeu Ramim *fado zeca*
Repertório de Francisca Gomes

Eu quero que este fado seja o seu
Por tudo o que me deu nesta vida
Que seja agradecida como eu
Por ser eternamente a mais querida

Ser mãe não lhe bastou no dia a dia
O muto era para si tão pouco ou nada
Que dava tudo com tal alegria
Apenas por saber que era amada

O tempo fez mais forte o nosso amor
E cada abraço mais que só ternura
As lutas que travou sem temor
Fizeram-me sentir sempre segura

É minha mãe, e eu quero-lhe dizer
Cantando com carinho e emoção
O quanto é meu orgulho, meu viver
Meu mundo mundo, meu bater do coração

Canto de ternura

Sérgio Marques / Francisco José Marques *fado zé negro*
Repertório de Sérgio Marques                   

Se dizem do fado, louco
Deixem-me cantar um pouco
Pois eu gosto dele assim
Seja alegre ou magoado
Quero sentir no meu fado
A loucura que há em mim

E canto sempre a meu jeito
Mesmo quando neste peito
Habitam tristeza e dor
Que me importa essa loucura
Se é nele que encontro a cura
Para os meus males de amor ?

Se é louco então este fado
Que escutamos com agrado
Mesmo quando há pouca voz
Dendita seja a loucura
Deste canto de ternura
Loucos somos todos nós

Não vale a pena

Letra e música de João Nobre
Repertório de Carlos Ramos

Se este amor, chama apagada
Não é mais nada que uma lembrança
Nele queimei ilusões
Os meus sonhos, minha esperança

Se a fogueira já não arde
Agora é tarde, crê que é verdade
Em nós resta, quem diria
Apenas triste e fria
A cinza da saudade

Não vale a pena
Coração, basta de teima
Chama de amor que não queima
De nada serve atear
Não vale a pena
O amor é uma fogueira
Que só arde a vida inteira
Se tem lenha p’ra queimar

Muitas vezes o ciúme
Feriu como lume o nosso amor
Mas nem sempre a maior chama
É a que dá mais calor

Hoje resta abandonada
Chama apagada que emudeceu
E à lareira que a guardou
Olhando-a fria e só
Apenas tu e eu

Fado falado

Aníbal Nazaré / Nélson de Barros / António Barbosa

Fado triste… 
Fado negro das vielas
Onde a noite quando passa 
Leva mais tempo a passar
Ouve-se a voz
Voz inspirada duma raça
Que mundo em fora nos levou 
P’lo azul do mar
Se o fado se canta e chora
Também se pode falar

Mãos doloridas na guitarra 
Que desgarra dor bizarra
Mãos insofridas, mãos plangentes
Mãos frementes, impacientes
Mãos desoladas e sombrias
Desgraçadas, doentias
Onde há traição, ciúme e morte
E um coração a bater forte

Uma história bem singela;
Bairro antigo, uma viela
Um marinheiro gingão
E a Emília cigarreira
Que ainda tinha mais virtude 
Que a própria Rosa Maria
No dia de procissão 
Da Senhora da Saúde

Os beijos que ele lhe dava
Trazia-os ele de longe
Trazia-os ele do mar
Eram bravios e salgados
E ao regressar à tardinha
O mulherio tagarela 
De todo o bairro de Alfama
Cochichava em segredinhos
Que os sapatos dele e dela 
Dormiam muito juntinhos 
Debaixo da mesma cama

P’la janela da Emília entrava a lua
E a guitarra à esquina duma rua 
Gemia, dolente a soluçar

E lá em casa:
Mãos amorosas na guitarra 
Que desgarra a dor bizarra
Mãos frementes de desejo
Impacientes como um beijo
Mãos de fado, de pecado
A guitarra a afagar
Como um corpo de mulher 
Para o despir e para o beijar

Mas um dia:
Mas um dia santo Deus
Ele não veio
Ela espera olhando a lua
Meu Deus, que sofrer aquele
O luar bate nas casas
O luar bate na rua
Mas não marca
Mas não marca a sombra dele

Procurou-o como doida 
E ao voltar duma esquina
Viu-o a ele acompanhado
Com outra ao lado de braço dado
Gingão, feliz, rufião
Um ar fadista e bizarro
Um cravo atrás da orelha
E preso à boca vermelha 
O que resta dum cigarro

Lume e cinza na viela
Ela vê, que homem aquele
O lume no peito dela
A cinza no olhar dele

E então:
E o ciúme chegou como lume
Queimou o seu peito a sangrar
Foi como vento que veio 
Labareda atear 
A fogueira aumentar
Foi a visão infernal
A imagem do mal 
Que no bairro surgiu
Foi o amor que jurou
Que jurou e mentiu

Correm em vertigem num grito
Direito ao maldito 
Que a há-de perder
Puxa a navalha, canalha
Não há quem te valha
Tu tens que morrer
Há alarido na viela
Que mulher aquela
Que paixão a sua
E cai um corpo sangrando 
Nas pedras da rua

Mãos carinhosas, generosas
Que não conhecem o rancor
Mãos que o fado compreendem 
E entendem sua dor
Mãos que não mentem 
Quando sentem
Outras mãos para acarinhar
Mãos que brigam, que castigam
Mas que sabem perdoar

E pouco a pouco 
O amor regressou
Como lume queimou 
Essas bocas febris
Foi um amor que voltou 
E a desgraça tocou 
Para ser mais feliz
Foi uma luz renascida
Um sonho, uma vida 
De novo a surgir
Foi um amor que voltou
Que voltou a sorrir

Há gargalhadas no ar 
E o sol a vibrar 
Tem gritos de cor
Há alegria na viela 
E em cada janela 
Renasce uma flor
Veio o perdão e depois 
Felizes os dois 
Lá vão lado a lado
E digam lá se pode ou não 
Falar-se o fado

Guitarra coração

Mário Rainho / Pedro Lima
Repertório de Joana Baeta / David Ventura

Lisboa já devia estar na cama
Mas vejo-a a esta hora ‘inda acordada
Porque uma voz na alma a reclama
Pra se perder d’amores na madrugada

É a voz dum coração que, acelerado,
Teimosamente, ao fado ainda se agarra
Ao último suspiro arrancado
Do velho coração duma guitarra

Guitarra, coração
Duma velhinha idade
As tuas cordas são
As veias da cidade
Se a mágoa no teu peito
É gemido que magoa
Choram os bairros a eito
Guitarra, coração desta Lisboa

Já se levanta o sol, meio ensonado
Quando a casa regressa, da noitada
Esta Lisboa qu’ainda cheira a fado
Um fado que lhe serve de almofada


Sossega o coração, mas não a chama
Até que o sono à alma lhe apareça
Dá voltas e mais voltas sobre a cama
Com o estribilho dum fado na cabeça